Recordo...

Olho para trás. É terça-feira, 6. Primeira visita após a operação. O cenário não é agradável e a Rita parece dentro do cockpit duma nave espacial. "Pode falar com ela e mexer-lhe se quiser. Vai ajudar!", diz-me a enfermeira. Começo timidamente a falar para ela. Ela está completamente sedada e semi-inconsciente. Falo-lhe das coisas que gosta. Dos bubus... Do "munhau"... Que o Rodrigo mandava um beijinho. Digo-lhe que tem de ficar boa. Que tem de se manter calma. Enfim, tento animá-la com parvoíces e trivialidades... Agarro-lhe na mão. Começo a cantar-lhe quase ao ouvido. Depois mais alto (mas sem incomodar os vizinhos :)!)... Sinto qualquer coisa na mão. Penso: será que foi ela? Propositadamente? Ela tenta apertar-me a mão. Uma... duas... Por três vezes! Solta uma lágrima... Hoje disse-me que ouviu tudo... Vale a pena ser "palhaço"...